29.7.11

Silvina Romero







Silvina Romero, artista joalheria argentina está com a mostra "Hongulus Limbus" em Buenos Aires.
Ela nos responde a algumas perguntas...em espanhol!

NJ: Do que se trata a mostra?
SR: La muestra está formada por objetos textiles, esculturas, que a su vez contienen esculturas más pequeñas para ser usadas en  el cuerpo como broches o collares... que cuando no son portadas por una persona forman parte de instalaciones blandas.
Trabajé mayormente con desechos textiles que recolecté de la calle y ropa en desuso

NJ: O que significa o título da mostra?
SR: El nombre "Hongulus Limbus" no significa nada... a veces me da gracia los nombres pretenciosos que le ponen algunos artistas a sus obras ... entonces me resultó divertido inventar palabras,
por otro lado las obras juegan con la ambigüedad, son esculturas pero también son objetos para usar...
Y en cuanto a la temática, son piezas que simulan pequeños ecosistemas, son un poco animales, un poco vegetales..
Y por eso Limbus, que refiere al borde de muchas cosas
un nombre inventado para una naturaleza inventada!

peça em parceria com Pablo Dompé

NJ: Fale-nos sobre sua parceria com Pablo Dompé.
SR: Dentro de la muestra hay una serie de piezas que realicé en conjunto con Pablo Dompé, en las cuales trabajamos con profilácticos, globos, y una mezcla de distintas pinturas que resultaron muy favorables y que nos permitieron investigar mucho , ya que nuestros trabajos personales si bien, son muy distintos tienen una afinidad muy grande en cuanto a forma y a partir de ésta exploración los trabajos de cada uno se vieron enriquecidos.

Yo generalmente trabajo con textiles y sola por lo tanto disfruté mucho poder tomar decisiones en conjunto, ver cosas a partir de la mirada de otro..
Creo que el cruce con otro artista es muy necesario para salirse un poco del proceso personal, que a veces es agotador, tomar aire, distancia, aprende.
Pablo es escultor, trabaja habitualmente con madera, mármol y metales, materiales que requieren otros tiempos y otra metodología muy distinta a las que estoy acostumbrada con los textiles.
Fué muy divertido trabajar con un material nuevo y en conjunto con otra persona.



"Hongulus Limbus"
Galería de arte "Jardín Oculto"
Venezuela 926 ,San Telmo, Buenos Aires
terças a sábados
de 13 a 19 hs
Até 13 de agosto.

27.7.11

O Colar de Pérolas Revisitado: um projeto

postado por Mirla Fernandes

Miriam H. Melo, fotografia. 2011

A primeira edição do curso "O Colar de Pérolas Revisitado" aconteceu em junho de 2011 na FAAP.
Além de conhecer o trabalho de diversos artistas que já pensaram sobre o tema, os alunos foram convidados a participar de uma experiência sensorial coletiva como estímulo criativo para o início de seus próprios trabalhos.

A reação a esta experiência foi muito positiva o que me levou a pensar em transformar o curso em um projeto expositivo.

Desta forma, a experiência volta a ser provocada para aqueles que se inscreverem na segunda edição do workshop, que agora está mais enxuto: será apenas um encontro (Sábado, 27 de Agosto)  e os feed-backs posteriores serão virtuais.

Os melhores trabalhos serão convidados a fazer parte de uma exposição.
Nesta segunda edição trabalharemos em um grupo de 5 participantes: as inscrições estão abertas e podem ser feitas por email: contact@novajoia.org

Veja abaixo algumas imagens de Miriam Homem de Melo relativas à primeira edição.




DATA: sábado, 27 de agosto
HORARIO: das 9:30 as 13:30
VALOR:180 reais
Apenas 3 vagas disponíveis agora
local: Estúdio Mirla Fernandes. Rua Alves Guimarães, 1437 São Paulo
inscrições por email: contact@novajoia.org

A Aliança Revisitada


"Rara é a descoberta arqueológica que não revela ao menos um anel: é sabido hoje que apenas os mais primitivos homens e mulheres não os usavam. De ouro em Micenas e Tróia, de marfim na África, de ferro na Itália. Certamente nunca houve um período onde o círculo não foi importante: primeiro desenhado no solo, como um muro para afastar os espíritos malignos, mais tarde amarrados em pele palha ou galhos ao redor dos punhos, dos tornozelos, do nariz, da cabeça, da orelha e dos dedos para manter a alma, o espírito vivo."
in DICKINSON, J. Y., The Book of Diamonds.

Vamos sondar juntos mais histórias que  cercam o anel e claro, a aliança, símbolo de amor e união, no curso "A Aliança Revisitada" que se inicia em 30 de Agosto na FAAP.

Repensar, conhecer trabalhos de artistas que já o fizeram e criar a sua versão deste clássico.

As inscrições estão abertas. Mais infos no link.

terças-feiras das 19h00 às 22h00
30/08  13/09/  20/09 e 27/09
local: FAAP
2x 200 reais
15 vagas
Inscrições apenas na FAAP

19.7.11

Programação de workshops para o segundo semestre de 2011


O projeto NOVAJOIA já está com programação de workshops para o segundo semestre definida.
A proposta dos workshops é retomar  clássicos da joalheria porém buscando uma visão contemporânea e portanto crítica, alinhada ao que definimos como arte-joalheria.
Veja abaixo os horarios e locais e inscreva-se!!

No final do ano, em NOVEMBRO, teremos nosso workshop com um artista convidado internacional em parceria com a UNICAMP.
O workshop será gratuito e portanto haverá uma seleção para inscrição. Aguarde mais informações nos próximo mes!!


AGOSTO
"O Colar de Pérolas Revisitado"
O workshop que está em sua segunda edição, propõe partir de uma experiência sensorial coletiva para repensar a pérola.
Símbolo de pureza e raridade para tantos, mas... o que ela representa especificamente para voce?
 Os melhores trabalhos farão parte de um corpo de trabalhos que vai gerar uma exposição futuramente.


sábado, 27 de agosto
das 9:30 as 13:30
180 reais
5 vagas  4 vagas
local: Estúdio Mirla Fernandes. Rua Alves Guimarães, 1437 São Paulo
inscrições por email: contact@novajoia.org


AGOSTO/SETEMBRO
" A Aliança revisitada"
A partir de materiais não necessariamente preciosos, vamos aproveitar os quatro encontrors para repensar a ligação, o duplo, as conexões.

terças-feiras das 19h00 às 22h00
30/08  13/09/  20/09 e 27/09
local: FAAP
2x 200 reais
15 vagas
Mais infos: http://www.faap.br/nucleocultura/programacao/2011_2/alianca.html
Inscrições apenas na FAAP


OUTUBRO
"O relicário revisitado"
Partindo de referências clássicas propomos aos alunos que realizem sua versão deste clássico.

segundas-feiras das 19h00 às 22h00
03/10  17/10  24/10 e 31/10
local: FAAP
2x 200 reais
15 vagas
Mais infos:http://www.faap.br/nucleocultura/programacao/2011_2/relicario.html
Inscrições apenas na FAAP

NOVEMBRO/DEZEMBRO
"O corpo que faz"
Este workshop visa explorar o corpo como ferramenta criativa no processo de desenvolvimento do trabalho artistico. Haverá práticas físicas durante o workshop.

segundas-feiras das 19h00 às 22h00
07/11  17/11  24/11 e 05/12
local: FAAP
2x 200 reais
15 vagas
Mais infos:http://www.faap.br/nucleocultura/programacao/2011_2/ocorpo.html
Inscrições apenas na FAAP

12.7.11

Quiltro

Paulina Amenábar


Primeira exposição coletiva da associação chilena JOYA BRAVA, inspirada  na busca de sua identidade.  O  Quiltro (viralata) aparece aqui como ponto de partida para um olhar mais atento à sociedade, seus vicios e virtudes, reconhecendo o mestiço como elemento próprio da cultura do Chile e da America Latina.


A mostra permanece até o final de outubro de 2011 no Centro Cultural Palacio de la Moneda, Santiago Chile.

11.7.11

Bushidô

postado por Mirla Fernandes



A afirmação no post anterior de Bernhard Lehner: "bastões e armas, que digamos, são as joias naturais dos meninos, grandes e pequenos" me fez pensar em postar aqui um pequeno trecho do livro  de Mitsugi Saotome* :
"Desde que Tokugawa proclamou que o pincel e a espada eram uma só coisa, os samurais passaram a estudar diversas formas de arte com a mesma atitude filosófica que adotavam no campo de batalha.
O bujutsu sofreu mudanças sutis, mas profundas. Muitos dos grandes mestres dos antigos ryu marciais haviam testemunhado o desenvolvimento das armas de fogo, bem como o novo estilo de guerra e estratégia daí surgido. Sua compreensão da guerra e da natureza humana levou-os a concluir que a arma de fogo não era um fim, mas o começo de um tipo de armamento  ainda mais devastador. Que havia de esperar um homem munido de lança e espada contra essa nova onda de poder? Os mestres do bujutso clássico eram , afinal de contas, pessoas altamente realistas. Agora o estudo do bujutso, técnicas da guerra, devia tornar-se Bushidô, o estudo do cavalheirismo e da proteção. A mesma coragem, honra e lealdade, a mesma força de corpo e espírito seriam utilizadas no desenvolvimento de um forte guerreiro da paz, apto a promover a moralidade e uma sólida estrutura social."




*SAOTOME, Mitsugi. Aikido e a Harmonia da Natureza. São Paulo: Pensamento. 2000. p.150

6.7.11

Bernhard Lehner

Bernhard Lehner
Matters of Life and Death is an exhibition that explores the responses of nine international jewellery artists to the proliferation of natural disasters and man-made destruction in our world at Kath Libbert Gallery.  The opening will be  July 7th.

Among the artists in the exhibition we would like to point out Bernhard Lehner , who has a very interesting positioning about jewellery:

"I've always been interested in and fascinated by sticks and weapons, which are, so to say, the natural jewellery of small and big boys. Maybe growing up in the rural Bavarian countryside is a root for this lasting obsession. Yet as an adult and artist, my aim is to transform this boyish/primitive jewellery in art and thereby real jewellery by deconstructing the original object.  I've bought Colts, Shotguns and even a Kalashnikov, sawn them in parts and made bracelets of them. It's a form of symbolic disarmament by preserving the jewellery status. Somehow the destructive energy of the weapon lasts in positive form in my work.I don't see myself as an jewellery artist but as an artist whose work is to be seen (and worn) in close connection to the human body. To hell with art on walls. From the sticks to the jewellery to the furniture, it's always art to be touched, held and worn (and be seen on somebody’s body.)"




Matters of Life and Death é uma exposição mostra trabalhos que refletem sobre a proliferação de desastres no mundo (naturais e causados pelo homem). A exposição mostra o trabalho de 9 artistas e acontece a partir de 7 de Julho na  Kath Libbert Gallery.
Entre os participantes da exposição gostariamos de destacar  Bernhard Lehner, o artista alemão radicado em Munique ,que tem um posicionamento muito interessante em relação à joalheria:

"Sempre fui interessado e fascinado por bastões e armas, que digamos, são as joias naturais dos meninos, grandes e pequenos.  Talvez ter crescido na Bavaria rural tenha sido uma razão para essa obsessão duradoura. 
Já adulto e artista, meu objetivo é transformar essa joalheria primitiva, de menino, em arte e portanto em em joalheria de verdade ao desconstruir o objeto original. 
Comprei Colts, revolveres e ate mesmo uma Kalashnikov, serrei-as em partes e fiz braceletes. É uma forma simbólica de desarmamento ao preservar seu staturs de joalheria. 
De alguma forma a energia destrutiva da arma permanece de maneira positiva em meu trabalho. Não me vejo como um joalheiro,  mas como um artista cujo trabalho é para ser visto (e vestido) em grande conexão com o corpo humano. Aos diabos com a arte sobre as paredes. Desde os bastões a joalheria, até aos móveis, sempre é arte para ser tocada, segurada e vestida (e vista no corpo de alguem)."


(imagens retiradas do site da Galeria Kath Libbert e Anna Wondrak)


5.7.11

Entrevista com Edgar Mosa

Edgar Mosa

Edgar Mosa, joalheiro portugues que estudou na Rietveld Academie em Amsterdã e terminou recentemente um mestrado na Cranbrook Academy of Art, Michigan e agora radicado em Nova Yorque nos concedeu essa breve entrevista. Para conhecer mais o trabalho de Mosa, acesse o seu site


Edgar Mosa, "Month Three", 2011

"I organize my collections according to my personal intuition, pairing objects as to grant them a specific relationship - to investigate, contemplate and to place myself in the world. This is why I make jewels - to communicate trough symbols, creating preciousness, meaning - to revisit moments and share them with an audience allowing instant reciprocity, in an intimate way.
I use jewelry as a language, and a measuring unit."


NJ:Voce poderia nos explicar ao que se refere quando diz unidade de medida, "measuring unit", em seu texto?

EM: Eu organizo as minhas colecções intuitivamente, revelando como compreendo arquétipos sociais e como neles me situo.
Este é o motivo pelo qual faço jóias, comunicando através de símbolos, criando preciosidade, significado. Para re-visitar momentos de forma íntima e partilhá-los com uma audiência permitindo reciprocidade instantânea.
Joalharia interessa-me como língua e como unidade de medida. Esta revela-nos ideias de valor material e sentimental, contando historias e tomando parte em rituais, situa-nos geograficamente através de materiais e técnicas, marca estatutos sociais. Esta forma de ornamento tem também a particularidade de ser executada para o corpo, definindo proporções corporais ao longo da nossa civilização, como que substituindo a balança e a fita métrica.

Com isto, comecei a interessar-me em formas de medida alternativas. Procurei materiais naturais que  incorporam na sua constituição o passar do tempo
Olhando para trás, revendo as colecções de joalharia que desenvolvi, a ideia de medição parece também ser uma constante.


Edgar Mosa, "The Mountain", 2011

NJ:Com tantas escolas europeias, porque decidiu estudar nos Estados Unidos?
EM: O motivo principal que me levou a tirar mestrado na Cranbrook Academy of Art foi o facto da Iris Eicheberg ser a artista residente, gestora do curso. Tive a oportunidade de conhecer a Iris durante os meus estudos em Amesterdão pois foi minha professora durante um ano na Gerrit Rietveld Academie, deixando em mim um interesse enorme, qual me levou a segui-la ate aos EUA, onde ensina ja ha 4 anos. Também era de meu interesse sair da Europa. A metodologia de ensino no meio da Joalharia Contemporånea é tão restrita quanto o meio em si. Interessava-me saber como se desenrolava a joalharia hoje em dia noutro local, e os EUA pareceu uma proposta aliciante, devido á importância que ainda é aqui dada á mão de obra (o tão chamado movimento "craft"). No entanto, nada disto teria sido possível sem o apoio financeiro das bolsas que me foram oferecidas por parte da Fundação Calouste Gulbenkian e Fundação Luso-Americana, que me apoiaram durante todo o programa de estudos.
Edgar Mosa, "Month Three", 2010

NJ: Voce tambem realiza trabalhos em outras mídias (escultura, gravura, fotografia, etc) ou apenas joalheria?
EM: As escolas onde estudei tem a particularidade de motivar os alunos a cruzar doutrinas. Tenho explorado outras áreas das artes, maioritariamente com desenhos complementares, instalação, trabalho escultórico e performance, desenvolvendo o meu conhecimento e apreciação de um diverso leque artístico. As ligações visuais e conceptuais entre os diferentes trabalhos que executo interessam-me mais que a comum divisão entre arte aplicada e belas artes. Para mim elas coexistem. No entanto, não considero tudo o que faço como arte, grande parte destes trabalhos fora da área de joalharia vejo como um exercício, ou uma aventura. Estes ajudam-me a explorar técnicas diferentes da pratica clássica. Desta forma vejo-me estabelecer relações com o meio artístico de forma mais receptiva, não elitista.


Edgar Mosa, 'Covers', 2008



NJ: Aqui no Brasil tambem ha uma grande resistencia a aceitação da arte-joalheria com enfase no conceito, como voce relata que acontece nos Estados Unidos. Voce enxerga alguma saída para essa situação, de maneira que a visibilidade desse tipo de criação aumente?
EM: O meu encontro com a joalharia contemporânea nos Estados Unidos foi um choque em comparação com o circuito europeu, especialmente da Holanda e Alemanha, onde se parece ter estabelecido um mundo aparte. Aqui na América, a Joalharia contemporânea parece ainda aliada ao trabalho em metal, ás técnicas e aos materiais clássicos de ourivesaria. Infelizmente estas componentes comunicam somente mestria e destreza técnica, ignorando a importância de transmitir emoções, ou comunicar ideias. Talvez eu esteja a tentar diferenciar joalharia comercial de joalharia artística, a primeira sempre procurada devido ao seu valor material e técnico; a segunda á mercê de uma audiência sentimental muito restrita.
Olhando a diferentes formas de arte como a musica, por exemplo, aquilo que é popular tem sempre mais publicidade que o que é discreto e singelo. Infelizmente os media nem sempre se interessam pelo movimento vanguardista, o que a meu ver, é quem somos. No entanto, isto não quer dizer que uns sejam melhores que os outros. Aquilo que podemos fazer é, somente, mantermo-nos fiéis aquilo que acreditamos, respeitar aqueles que admiram o que fazemos, e esperar que aos poucos, a joalharia do nosso tempo se torne mais relevante á sociedade, como foi outrora, a outras civilizações.