24.11.10

Mostra NOVA JOALHERIA na FAAP

Juliana Miyasaka


Começa hoje,  dia 24 de Novembro e vai até 3 de Dezembro a primeira mostra dos alunos do curso Nova Joalheria.
O curso é uma novidade do programa do NÚCLEO DE CULTURA da FAAP.  Pela primeira vez a faculdade acolhe um curso voltado exclusivamente para a arte-joalheria.

O curso  foi iniciado com aulas semanais de fundamentação teórica sobre o desenvolvimento da Arte-Joalheria.  A jóia foi discutida pelo viés do consumo,  da memória,  dos valores, das questões da permanência, do controle e da incorporação dos acidentes no fazer, entre outros assuntos.

A ênfase do curso  foi o desenvolvimento do processo criativo de cada aluno.  Essa é uma busca profunda que demanda tempo.  Apresentamos nesta mostra o inicio dessas investigações.
Veja algumas imagens desses processos:



Marcelo Oliveira

Thais França

Lilian Marques e Rosely Kasumi

Regine Nutzmann

Cristina Azevedo
Juliana Miyasaka
Assim como a mostra, o curso será retomado em 2011.

Para o próximo ano, vamos separar as aulas teóricas das práticas. As aulas teóricas formarão o curso Panorama de Arte Joalheria,  com 8 horas de duração. Para aqueles que quiserem se juntar ao grupo já formado, o curso Nova Joalheria continua. Teremos exercicios práticos dirigidos além da continuidade no acompanhamento do desenvolvimento do trabalho pessoal de cada aluno.

As reservas para ambos os cursos já podem ser feitas no Núcleo de Cultura da FAAP.

23.11.10

OTTO KÜNZLI


Grand-Prix-Design 2010
Otto Kuenzli

The Confederation has awarded Otto Künzli the Grand Prix Design in honour of his oeuvre and his teaching career as a professor and head of the jewellery department at the Akademie der Bil-denden Künste München. He is one of the most important jewellery designers in Europe and well known internationally. His creations are clear, reduced and yet often ambiguous. His subtle stud-ies in cultural phenomena lead at times to radical statements on such topics as consumerism, the arbitrariness of values, power, vanity and exploitation, to which he often gives an ironic and play-ful twist. His work is represented in many national and international collections of jewellery. In the course of his teaching career at the Akademie der Bildenden Künste München, he has had the privilege of training a number of jewellers who now enjoy great renown.


Otto Künzli foi premiado com Grand Prix Design por sua obra e sua carreira como professor e diretor do departamento de joalheria da  Akademie der Bildenden Künste München.  Künzli é um dos mais importantes artistas joalheiros europeus: quem participou do curso NOVA JOALHERIA na FAAP esta familiarizado com a foto acima do broche que comenta a tradicional flor na lapela,  uma de suas criações nos anos 80. 
Sua produção é clara, minimalista e frequentemente ambigua. Suas peças discutem o consumo, os valores arbitrarios, poder, vaidade e sua exploração com um toque ironico. Seu trabalho faz parte das coleções de muitos museus internacionais e em sua carreira como professor,  já deu aulas para nomes que despotam no atual cenário da joalheria como Lisa Walker e Karl Fristch.

16.11.10

PIN

Para quem não é associado da PIN  (a Associação Portuguesa de Joalheria Contemporânea) não está sabendo, mas o NOVAJOIA vem já há alguns meses colaborando e enviando material ao site da PIN.
Veja nos links algumas dessas colaborações:
PIN SESSION
NOVIDADES DO BRASIL

Cristina Filipe, em carta aos associados, afirma:
"Na minha última visita ao Brasil constatei - com o meu corpo - a efervescência que se vive actualmente  em torno da joalharia enquanto forma de expressão plástica.
O ensino está a querer fazer reformas profundas e são vários os artistas, que tive oportunidade de cruzar, empenhados nesse trabalho tão profundo e necessário. (...) 
A Nova Jóia tem vindo a desenvolver um trabalho brilhante de sensibilização e "desadormecimento" a tudo o que diz respeito sobre esta disciplina. (...)"

Nós do NOVAJOIA estamos muito felizes com a abertura desse espaço de comunicação proporcionado pela PIN e é um prazer imenso continuar essa colaboração pois ela reflete um dos principais objetivos do projeto que é intensificar a comunicação entre joalheiros de todo o mundo.

10.11.10

O Fortuna/Imme van der Haak

Imme Van der Haak is showing a  work where she  discusses the “normal”and the ideal beauty in O Fortuna! , the 7th biennale exhibition that happens in Gelderland, Netherlands (until January 11th). The curator Tiziana Nespoli, a 'science exhibitionist' as she calls herself, tries to show the links between art en science. Her theme for O Fortuna! is 'serendipity', the role 'luck' or 'chance' plays both in science and in art. Often scientists and artists are looking for something and in the process they discover all kinds of other things. If they are willing to keep their eyes open that is. In the first six editions of the biënnale there were only visual artists in the show; this time it is also open in other  areas of the arts.
On the other hand, in Brazil, the Bienal de Artes de São Paulo is completely focused in Art.  Jewelry due to its oscillations (some are industrial products, some craft ones and a few, art pieces) has found some space in the Bienal de Design that this time happens in Curitiba. Some jewellery pieces can be found in the show "A Reinvenção da Matéria" that comments ecological issues.



Elastic Mind 02 from Imme van der Haak on Vimeo.



Imme Van der Haak tem um trabalho onde discute o normal e os ideais de beleza. Este trabalho está sendo apresentado em " O Fortuna! , a sétima edição de uma bienal que ocorre em Gelderland, Holanda (até 11 de janeiro).  A curadora Tiziana Nespoli,  que se auto-intitula  'science exhibitionist' busca ligações entre arte e ciência: até onde o fator sorte/acaso afeta ambas. É comum cientistas ou artistas buscarem uma coisa e no meio do processo descobrirem outras. Até esta edição, e bienal só apresentava artistas visuais e essa é a primeira vez que expande para outras áreas das artes.
Por outro lado, no Brasil temos a Bienal de Arte completamente focada em arte, mas que já exibiu jóias no passado.  Por ficar oscilando entre uma proposta industrial, artesanal ou artistica, a jóia acabou encontrando algum espaço apenas na Bienal de Design , agora sediada em Curitiba. Pode-se encontrar algumas peças na mostra  "A Reinvenção da Matéria" que trata de questões ecológicas. Um nome definindo coisas tão diferentes acaba gerando uma certa confusão...





8.11.10

Jóias de Artista

Pablo Picasso

Alexander Calder

Man Ray

Conforme informa Doroteia Hortmann, está "em cartaz até o dia 13 de fevereiro de 2011 no Museu Nacional de Arte da Catalunha (MNAC), em Barcelona, a exposição "Joias de Artista - do Modernismo à Vanguarda" traz cerca de 300 peças, entre relógios, broches, pulseiras, colares e pingentes feitos por artistas como Hector Guimard, Anni Albers, Charlotte Perriand, Alexannder Calder, Pablo Picasso, Georges Braque e Salvador Dalí, entre outros.
As obras vieram de instituições públicas e de museus de todo o mundo, como o Metropolitan Museum of Art, The Museum of Modern Art, Whitney Museum of American Art (de Nova York); Victoria and Albert Museum (Londres); os museus de Artes Decorativas, d’Orsay e Rodin (de París); o Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofía de Madrid; e a Fundação Gala-Salvador Dalí de Figueras - que abriu uma exceção ao ceder algumas das joias mais emblemáticas de sua coleção, além do próprio MNAC e de várias coleções particulares."

Abaixo algumas fotos que a joalheira catalã Montserrat Lacomba tirou da exposição:

foto Montserrat Lacomba

foto Montserrat Lacomba

foto Montserrat Lacomba

Vale a pena lembrar que a primeira exposição de Arte-Joalheria aconteceu no MOMA em 1946 com a presença de artistas como Calder. Na época, a presença de artistas plásticos funcionou como uma estratégia para dar credibilidade à exposição com muitos outros artistas-joalheiros desconhecidos *.

Clique nas imagens, para poder ler os textos, partes da documentação enviada a imprensa na época de lançamento da exposição :


postado por Mirla Fernandes


*CAMPOS, Ana Paula de. Jóia Contemporânea Brasileira. Reflexões sob a ótica de alguns criadores. Dissertação (Mestrado em Comunicação e Artes), Universidade Mackenzie São Paulo, 1997.

Ruudt Peters no Chile

Agora em Novembro, uma grande oportunidade de conhecer de perto o trabalho de Ruudt Peters sem precisar ir a Europa (e gastar os tubos por isso...). Peters, a convite da Escola Joyeria Pamela de la Fuente realizará no Chile workshop, palestra e exposição restrospectiva de 20 anos de trabalho.

Ainda há vagas para o workshop (de 16 a 18 novembro, 390 dólares).
Maiores informações, entre em contato

foto: Tobias Alm

6.11.10

Cooking Crystals Expanded


Para quem quiser conferir ao vivo um trabalho de Tunga, não perca esta oportunidade.
Encerra-se hoje a exposição Cooking Crystals Expanded.  Esta instalação esteve na Bienal de Moscou e foi remontada em São Paulo na Galeria Millan com algumas alterações.

Vou narrar aqui minhas impressões extremamente pessoais dessa visita.

Já no corredor que dá acesso à principal sala da galeria no térreo, há uma vitrine com uma bandeja: um líquido amarelo contido em um recipiente de vidro e que tambem transborda da bandeja. Nela também há algo que parece âmbar, um cristal e um minério de ferro. Voce já começa a se perguntar qual a relação entre esses elementos...

Entrando a direita na grande sala do térreo, uma peça de parede: dois volumes quadrados vazados lado a lado, com pedras pretas (imãs?) os preenchendo e deles saindo peças de ferro que serviam como elemento de ligação até dois cristais de rocha grandes, envoltos tambem em fios de ferro. Cada um a uma distância do chão e criando uma tensão.  A duplicidade dos elementos, as interligações me levaram imediatamente a fazer correlações com o corpo. Não o corpo externo, mas o interno, com seus orgãos interligados por articulações e ligamentos, o movimento de uma parte criando tensão na outra.

Na mesma sala uma outra peça onde se veem vários vidros. Os vidros me parecem híbridos, pois evocam por um lado decanters de vinho, e por outro erlenmeyers.  Alguns contem um líquido amarelo. Se ao ver a bandeja no corredor antes de entrar na sala, eu havia associado o líquido ao azeite, após a primeira peça a associação com a urina fica inevitável.... Cada um daqueles recipientes como um néfron cumprindo seu papel de manter um equilíbrio muito delicado, na iminência de entrar em um colapso. Os frascos de vidro estão firmemente amarrados pelas mesmas estruturas da peça anterior, mas seu arranjo (alguns com a boca para cima, outras para o lado e outras para baixo) cria uma instabilidade perturbadora. Tudo isso é suspenso por esses cabos de ferro finalizando numa estrutura que lembra a de um marionete.

foto: Aglaize Damasceno

Subindo ao segundo andar, uma grande revelação, uma surpresa visual pois todo o espaço esta tomado por uma instalação com redes onde os mesmos vidros estão contidos. Além deles despontam cristais de rochas e formas que lembram fezes. A interligação continua sendo feita pelos mesmos elementos de ferro, assim como em uma corrente. A disposição dos elementos me faz sentir dentro de um organismo com orgãos se interrelacionando para manter a dinâmica da vida.

Os sentido de tudo parece estar se completando nessa minha experiência, mas ainda há mais.




Ao fundo da sala, sai um som: é o video de 14 minutos onde um casal, em uma sala com uma instalação como a que vemos se encontra e realiza um ritual de transmutação completo. Novas compreensões são possíveis agora. O cristal de rocha é o falo, que se dissolve no gozo, é digerido e excretado. Em pedaços, é novamente digerido e renasce completo, fechando um ciclo. O casal interagindo revela uma mistura de escatologia, erotismo e amor. Como afirma Antonio Gonçalves Filho: " Tunga e Santo Agostinho lembram que nascemos entre fezes e urina".



Um trabalho de arte quando é bom ajuda expandir a sua percepção e evoca tantas outras coisas. Entre tantas sensações, lembranças e sentimentos enquanto visitava essa exposição,  também outras obras me vieram a cabeça. A instabilidade dos frascos de vidro na obra "Le Défi" de Louise Bourgeois.  Os cristais de rocha me lembraram as vassouras de Marina Abramovic. Vendo o video,  voei até o Cremaster Cycle de Matthew Barney.
 


 




E também me lembrei do trabalho de Nanna Melland, com a ambivalência da beleza de '687 anos', o colar feito de Dispositivos Intra Uterinos recolhidos e usados pela a artista fazer seu comentário sobre uma possível visão do amor.

 

Ao final dessa experiência, fico pensando no que vi: metal, cristais de rocha, âmbar.  Articulações em metal servindo como conexões. O corpo presente como um corpo de dimensões expandidas onde o interno é escancarado com seus líquidos e excreções.

O mesmo corpo e materiais que a arte-joalheria vem explorando e resignificando principalmente a partir dos anos 60. O corpo como suporte, plataforma ou assunto. 

Video, foto, desenho, pintura, gravura, body-art, wearable-art, jóia. Quer escolher um nome para isso tudo?  

postado por Mirla Fernandes

4.11.10

TUNGA: A Joalheria como poética (3)

Although this post in in Portuguese, the video bellow is in English and really interesting.


No Brasil, podemos considerar que a joalheria, como criação genuinamente nacional, surgiu com a chegada da corte portuguesa em 1808, acontecimento que culminou na abertura dos portos ao comércio mundial. Tal abertura comercial fez com que abrissem livrarias, casas de moda, lojas de luxo mas foi somente com a vinda dos franceses, em 1815, que surgiram as casas de joias, de moda, perfumes e bijuterias.
No que diz respeito as artes, o Príncipe Regente D. João VI, contratou na Europa um grupo de artistas e artífices para que fizessem funcionar uma “escola de ciências, artes e ofícios” em terras brasileiras. Entre os artistas estavam os pintores Jean Baptiste Debret e Nicolas Antoine Taunay e o arquiteto Henry Victor Grandjean de Montigny. Em 1826 D. Pedro I inaugura a Academia de Belas Artes,  inaugurando também a separação entre  a  esfera da arte e  a esfera dos ofícios manuais e artesanais no Brasil.
Ao analisarmos a produção artística contemporânea,  vemos uma grande quantidade de artistas que constróem suas poéticas  dialogando com várias expressões tanto artísticas quanto manuais,  onde buscam sobretudo a soma de fazeres e de linguagens plásticas.
É nesse sentido, dentro da abordagem do diálogo entre linguagens, que podemos citar o artista brasileiro Tunga. Seu caminho percorre os campos da  escultura, do desenho e da performance, com criações que buscam constantemente a poesia. Tunga diz, em entrevista concedida a Bruno Porto:

 Eu não me considero um artista plástico. Considero-me um poeta. O poeta se define classicamente pela palavra. Para mim, o poeta se define sobretudo pela poética. E poética não é um termo que se restringe ao uso das palavras, pode se expandir ao uso das mais indeterminadas formas de expressão.

Tunga, 1985. 'Xifópagas capilares entre nós', Performance

Em 'Xifópagas capilares entre nós', é a história de irmãs gêmeas siamesas que nasceram unidas pelo cabelo, essa união física causa uma inquietação e impacto visual para o espectador que vivencia tal fenômeno.

Tunga, 2001. 'A bela e a fera'. Ouro

No  repertório criativo de Tunga, dentro dessas várias  formas de expressão  podemos citar a joia "A bela e a fera", apresentada em um a performance  em 2001 em Madri. A peça é uma miniinstalação, inspirada na escultura  que está no jardim do Peggy Guggenheim Museum. Criada para sua mulher Cordélia, o trabalho é formado por dois corpos, um contendo um espaço vazio correspondente à protuberância do outro, eles não se completam nunca. Os dois corpos estão cercados por corpos menores e dependendo do ângulo que o observador  vê a peça, ela se transforma.

Tunga  baseou esta joia no trabalho de San Juan de la Cruz, poeta, místico, fundador dos Carmelitas Descalços, famoso pela sensualidade de seus versos religiosos. Na performance realizada com a peça, uma figura feminina, alheia ao público, interage com "A bela e a fera" em uma atmosfera de intensa intimidade.

Tunga, 1992. Sero te amavi. Dedal de ouro


Vale estudar e conhecer um pouco mais do trabalho do Tunga, suas pesquisas de materiais e linguagem, sobretudo seu universo dentro do seu processo  criativo... Um dos artistas brasileiros contemporâneos mais conhecidos e reconhecidos nos principais museus e galerias do mundo, a saber o MoMA em  Nova York, o Louvre em Paris dentre tantos outros.

Em  One on One, Tunga compartilha um pouco sobre suas inspirações e suas criações...








postado por Aglaize Damasceno