18.2.10

Murillo: Souvenirs e Arte/ Art and Souvenirs

Aproveitando que o tema do workshop de Ela Bauer em março vai discutir as possiveis relações entre Souvenirs e Jóia, e expandindo o conceito, perguntamos a Benair Alcaraz , doutora em História, sobre alguma possível relação Souvenir/Arte.
Veja o que ela nos respondeu:
"O hábito de se ter souvenirs de lugares visitados  ou em que se viveu remonta há séculos na História do Homem e da Arte.
Esse costume se expandiu muito com as grandes viagens de navegação e a descoberta de um Novo Mundo pelos europeus no século XV.  Os aventureiros e navegantes levaram das terras descobertas curiosidades, peças exóticas, exemplares da flora e fauna nativas que encantaram os europeus, criando entre os mecenas os conhecidos “gabinetes de curiosidades”. Mas o reverso da história também é verdadeiro.  Marinheiros, aventureiros, comerciantes, funcionários dos governos colonizadores quando partiam da Europa levavam consigo souvenirs, preservando a memória das terras  de origem.

Nesse leva e traz da memória as obras de arte exerceram um papel importante. Com a grande circulação da arte que acompanha a abertura da Europa para um Novo Mundo, mercadores de arte se instalavam nos portos de embarque  para às Índias negociando trabalho de artistas, proporcionando-lhes um ganho extra enquanto não se firmavam nos seus próprios  territórios e cortes patrocinadoras.

Vários artistas se serviram desse expediente, mas os pintores da Escola Sevilhana de Pintura tiveram destaque.  Sevilha porto fluvial, além de ser uma cidade rica e centro comercial  foi a Terra Natal de importantes representantes da Pintura Espanhola. Entre os mais prestigiados se encontram:  Zurbarán. Valdes Leal, Herrera, Velásquez, Murillo. Este último, nascido em Sevilha em 1617 foi muito popular em toda Europa durante o século XVII.  Suas obras circularam intensamente até o século XIX a ponto do rei Carlos IV determinar à alfândega  a proibição da saída da Espanha das pinturas de Murillo.

Murillo dono de uma técnica leve e vaporosa tratava com suavidade temas religiosos e da vida cotidiana. Trabalhando em Sevilha, sem ter possibilidade de ir para Corte e tendo como concorrente, simplesmente o grande mestre Velásquez, o pintor passou por momentos de problemas financeiros.  Para resolver situações difíceis lança mão da execução em obras de pequeno tamanho, em materiais mais pobres –  versões diminutas de suas próprias pinturas, enviando-as às feiras de Sevilha e Cádiz. Eram aquarelas, desenhos ou mesmo pintura em tecido de tapeçaria (sorgas).  Essas pequenas pinturas agradavam aos comerciantes e viajantes que as compravam por preço módico levando-as como “recuerdos” .     Os viajantes davam preferência às pinturas leves e facilmente compreensíveis de Murillo o que, em parte, pode explicar o grande número de obras desse artista encontrado na América em coleções particulares e museus."


Once that the Ela Beuer's  workshop theme in March is going to discuss the possible relations between   Souvenirs and Jewelry, and expanding its concept, we've asked to Benair Alcaraz , phd in History, about some possible relation between  Souvenir/Art.
Check out what she has answered us:

"The tradition of having souvenirs from visited or lived places dates from centuries in the history of men and Art. It expanded a lot with the great navigations and the discovery of the New World by europeans during the XV century. The adventurers took from the visited lands exotic pieces, flora and fauna species, that enchanted europeans creating  the "wonder chambers" of many mecenas. 
But the opposite has also happened. Sailors and merchants, government employees when leaving Europe took with them souvenirs, preserving a memory of the distant origin land.
Art works had an important role in this coming and going of memory. With the great circulation of Art that happened during the opening to the New World, art merchants placed themselves in harbors to India, selling works and giving emerging artists some money before they have established themselves as court artists.
Many artists have done this, particularly the ones from the painting school of Seville, a rich city with a harbor.

There one finds:  Zurbarán. Valdes Leal, Herrera, Velásquez, Murillo. This last one, born in  Seville in 1617, was very well known in all  Europe during the  XVII century. His works have circulated so intensely that king Charles IV  ordered finally, in the XIX century, that they were forbidden to leave Spain .

Murillo treated with a light technique themes such as religion and everyday life. Working in Seville,  and having the competition of the great master Velásquez,  the court painter at the time, he had to face tremendous financier problems. So he decided to do small works, with less noble materials, small versions of his own painting that he sent to Sevilla and Cadiz fairs. It were watercolours, drawings and even paintings over fabric. They pleased a lot the merchants and travelers  as “recuerdos” . His works were easily pleasant, what explain the great number of his works that are found until today in private collections and museums in the whole America."


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