detalhe do video de entrevistas feitas com artistas no Simpósio Gray Area |
Ontem aconteceu na UNICAMP a defesa de tese de doutorado de nossa colaboradora Ana Paula de Campos sobre Arte-Joalheria. A tese orientada pela Prof. Dra. Anna Paula Gouveia foi elogiada em seu conteúdo e também forma, pois inaugura um tipo inédito de tese que não põe termos definitivos e conclusões, mas se apresenta em sua totalidade de uma forma aberta, digamos...'deleuziana'.
Ana Paula assinando o documento de aprovação em frente à banca de doutores (da esquerda para direita): Luise Weiss, Maria de Fatima Morethy, Anna Paula Gouveia, Daniela Kurschat e Silvio Dworecki |
Consideramos essa uma grande conquista da arte-joalheria no país pois a tese acaba por re-inserir o assunto dentro do campo de arte.
Acreditamos que esse seja um passo para colocar uma parte da produção de volta à cena de arte, se lembrarmos que a jóia já participou de Bienais de Arte e na atualidade foi deslocada para a de Design.
Naquela época, a joalheria que participou de Bienais ensaiava seus primeiros passos com pesquisas eminentemente formais, mas que até certo ponto se alinhavam com algumas correntes artísticas como a op-arte e arte cinética (pensemos em Reny Golcman, por exemplo). O artista joalheiro que começava a atuar como um 'guerreiro' no sentido de priorizar sua própria pesquisa em detrimento dos ditames do mercado conseguiu um espaço expositivo lado a lado com outras pesquisas poéticas sobre outros suportes (pinturas, esculturas, fotografias, etc).
Entrentato, os anos se passaram e a maior parte da produção joalheira, dita 'de autor', se mantem hoje atrelada apenas à essa pesquisa formal. O artista-joalheiro passou de 'guerreiro' a 'soldado', de pensador autônomo a servidor. E isso lhe custou caro a perda de um espaço adequado.
A confusão está instalada e nesse mercado vemos de tudo. Daqueles que clamam que sua jóia é única porque a pedra é única, àqueles (bem poucos) que desenvolvem uma poética e não se deixam seduzir pelos bazares de Natal ou pelas celebridades que usam suas jóias nas revistas populares.
O fato é que temos agora, através de uma das melhores universidades do país, uma documentação onde se oficializa o território do artista-joalheiro como também pertencente à arte. Mais um passo dado para abrir a possibilidade de um espaço maior para aqueles que são os guerreiros,um estímulo para que alguns soldados dêem meia volta e mudem de direção.
Veja o video onde Campos explica sobre os conceitos de guerreiro/soldado:
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