17.12.09

Dani Soter: desenho/joia 1

O trabalho da artista gaúcha Dani Soter apresenta muitas vezes a forte presença da linha. Perguntamos a artista que hoje vive em Lisboa sobre a linha/percurso e como ela vê a relação desenho/jóia em seu trabalho:

Interesso-me por comunicação e mapas. O desenho é a forma mais direta de comunicar algo, seja um caminho, um sentimento, uma idéia. A caligrafia é uma forma de desenho, consequentemente pode-se desenhar palavras e dar sentido a elas... Antes me preocupava em desenhar “bem”, hoje me vejo livre desse castigo! Procuro transmitir algo sem ter que usar borracha, assim como evito rascunhos ou o retoque de fotografias. Gosto do irregular, da fragilidade das formas que um desenho pode ter. É um gesto mais espontâneo. Deixar que o traço se transforme na linha como o prolongamento do movimento do corpo. Penso que em minhas jóias esta fragilidade está muito presente, o erro, o torto, o irregular, o inseguro.
Nos mapas o que mais me chama a atençao são as linhas vermelhas traçadas para mostrar- traçar- como se chega de um ponto para o outro. Linha como conexão de pontos.As tatuagens são desenhos/jóias. Assim como os decalques para o corpo...Um é eterno o outro efêmero. Escolhi os fios de cabelos ( no caso são os meus) justamente por causa desta relação eterno/efêmero que eles transmitem. Usar cabelos em jóias remete a vudu, a macumba, a reliquia. Algo que contém informações genéticas sobre as pessoas. Faz parte do corpo. Para além disso tudo é, para mim,antes de mais nada, uma linha. Torta, frágil e irregular. E é aqui que desenho e jóia se encontram.

Dani Soter's work has many times the strong presence of lines. We asked the artist that was born in Brazil but today lives in Lisbon about the line, the passages and how does she see the relationship jewellery/drawing, drawing/jewellery:

I am interested in communication and maps. Drawing is the mos straight way to communicate something,  whether is a passage, a feeling or an idea. Calligraphy is a way of drawing, and so one can draw words and give meanings to them.... Before I was worried if I drew "well" but today I feel free from this punishment! I try to communicate something without using an eraser  as I avoid reworking photographs. I like irregularities, the fragility of forms that a drawing can have. The spontaneity of a gesture. Letting the traces transform themselves into lines, as prolongations of body's movements.  I believe my jewellery is about the fragile, the mistakes, the irregular, the unsure.
In maps, what interests me the most are the red lines traced to show how one arrives from one point to another one.The line as a connection. The tattoos are  drawings/jewelleries. I chose to work with hair (mine) because of this relation eternal/ephemeral. Using hair in jewellery reminds us of vudu, macumba, relics. Also they carry genetic information about people. It belongs to the body.  And they are above all  lines,  fragile and irregular. That's when jewellery and drawing meet.

postado por Mirla Fernandes








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