No ultimo workshop, lemos um texto de Louise Bourgeois, estímulo que compartilhamos por aqui:
‘Existe um grande lapso entre a primeira visão criativa e o resultado final; muitas vezes uma questão de anos. Por exemplo, formas ocas apareceram nos meus trabalhos primeiro como detalhes, e depois ganharam importância, até que a consciência sobre elas se cristalizou durante uma visita às cavernas de Lascaux, como a sua manifestaçao visivel de uma forma negativa envolvente, produzida pela torrente de água que deixou as marcas das suas ondas no teto: minha preocupação inconsciente tinha sido constante, mas demorou sete anos para eu desenvolve-las e lhes dar forma final.
Da mesma maneira houve um desenvolvimento gradual da rigidez para a flexibilidade. Quando me pediram que desse um quarto lado a parte traseira de uma estátua chamada Spring (Fonte), que fora concebida como uma cariátida rigida, achei impossivel fazer isso: na época, a rigidez parecia essencial. Hoje parece dispensável, e desapareceu. No passado, meus trabalhos lutavam, sofriam e provocavam; meus trabalhos recentes, nos quais a modelagem e a montagem tem substituido o entalhe, podem rolar e gastar, e se aquietar numa existencia pacifica.
Embora os titulos de muitas das minhas peças se refiram à natureza ou à figura humana, não são abstrações no sentido usual. Mais exatamente, surgem de um estado de consciência provocado por uma visão da natureza manifesta ou passageira.
Justamente sua grande volatilidade me deu a vontade de fixa-las, por receio de não poder encontra-las novamente. Se a obra possuir algo de mágico, eu a considero bem-sucedida. Essa visão particular que, de acordo com o que algumas pessoas dizem, o artista quer impor aos outros, de fato somente se revela ao próprio artista quando a obra está pronta. Ao ve-la ele sabe que terminou seu trabalho.’
Louise Bourgeois, Mamelles,1991. Rubber
During last workshop we read a text of Louise Bourgeois: inspiring
‘There is a big gap between the first creative vision and the final result. Many times it is matter of years. For instance, hollow forms appear in my works first as details, and then their importance grows until my consciousness upon them has cristalized during a visit to Lascaux caves, as a visible manifestation of some forms in negative produced by a string of water that left the marks of its waves in the roof of the cave. My unconscious concern was constant, but it took 7 years for me to develop then and give them their final form. As there was a gradual development from rigidity to flexibility.
When they ask me to give a fourth side to the back side of a statue called Spring that was conceived as a rigid statue , it seemed impossible to do it at that time, its rigidity seemed to be essential. Today it seems expandable and disappeared. In the past, my works fought, suffered and provoked. In my recent works modeling and mounting have been substituting carving, they can roll and be worn out and be calm in a pacific existence.
Although the titles of many pieces refer to nature or to the human figure, they are not abstractions in the usual sense. More exactly, they come out of a state of consciousness. Provoked by a vision of nature.
Its precisely a great volatility that gave me the urge to fix them, for being afraid of not being able to find them again. If the work has something of magical, then I consider it well succeeded. This particular vision, that according to what some people say, the artist want to impose to others, actually is revealed to the artist when the work is ready. When he sees it he knows his work is finished.'
Patricia de Paula, piece from the workshop Souvenirs from nearby and deep away, March 2010
in Sobre o processo criativo
Louise Bourgeois
Destruição do Pai, Recontrução do Pai
Escritos e entrevistas de 1923-1997
Cosac & Naify
Pg.74
nossa!que peça bonita.... valeu o post!!!!bjocas
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